sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Aniversário de Almeida Garrett

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799-1854) nasceu no Porto. Em 1809 partiu para a ilha Terceira por causa das invasões francesas. Aí recebe de um tio, bispo de Angra do Heroísmo, uma educação religiosa e clássica. Matricula-se no curso de Direito em Coimbra e adere às ideias liberais e começa a escrever algumas peças de teatro. Com a Vila-Francada, exila-se em Inglaterra, onde contacta com a literatura romântica (Byron e Walter Scott). Em 1825 publica em Paris Camões, obra marcante para o Romantismo português. Após a guerra civil, é nomeado cônsul geral em Bruxelas. Estuda a língua e a literatura alemãs (Herder, Schiller e Goethe). Regressa a Portugal em 1836 e Passos Manuel encarrega-o de reorganizar o teatro nacional, nomeando-o inspector dos teatros. Publica várias peças de teatro: Um Auto de Gil Vicente (1838), O Alfageme de Santarém (1841), Frei Luís de Sousa (1843), Falar Verdade a Mentir (1845), entre outras. Publica os romances Arco de Santana (1845) e Viagens na Minha Terra (1846), assim como os livros de poemas Flores sem Fruto (1845) e Folhas Caídas (1853). Morre a 9 de Dezembro de 1854 em Lisboa.
DESTINO

Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta  «Floresce»;
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

Almeida Garrett

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